ALIANÇA EM LACRE (Ulisses)
Amanso no fim dos torneios bravos,
Soldado ferido exausto e regressado
Ao remanso doce, ofertando cravos
P'ra merecer o beijo do ser amado.
Ela me afaga terna como é,
Ela me abre os braços com carinho;
Cura-me as feridas com a fé
De Penélope bordando todo o linho.
Os golpes que me dão, depressa vão
Sarar por sua mão como um milagre...
E é milagre mesmo sendo virgem!
E como a vida é o milagre da paixão,
Nossa união selou-se com o lacre
E estendeu todo o futuro na origem.
UM LACRE LINDO (Penélope)
Naquele sonho feito de beleza
Com soturna e inefável singeleza,
Senti o teu regresso no horizonte,
Pois tu és toda a água desta fonte!
Comandas o galeão de brilho ornado
Duma auréola de glória por teu fado,
E acostas com toda a suavidade
Ofertando esses cravos com vaidade...
É o Ulisses que espero desde sempre
Um deus que me arrebata no seu íntimo
E eu sei que há-de voltar e a todos lembro...
Pois pressinto na aliança um lacre lindo
E assim te recebo incólume e ferido
E te curo as chagas no amor sofrido.
25.03.2004
É um dueto, sim senhores, mas não há que esquecer que os dois sonetos foram escritos inteiramente por Daniel Cristal. Ratifico que o segundo foi oferecido a Efigênia pelo autor, mas este não deixa de manter os direitos da sua autoria, como é óbvio. E façam-me o favor de serem felizes porque todos merecem.
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