quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Soneto 'A Primavera - Efigenia Coutinho e Sandra Fayad


SONETO À PRIMAVERA
Efigênia Mallemont (Coutinho)


Serpenteando por águas cristalinas
vai esta breve paixão pelo rio longo,
coração perturbado em chamas sibilinas...
Vai adentrar a sua alma no céu oblongo.

O meu olhar reduz-se à sua ternura,
reduz-se a uma pupila cheia de meiguice,
e desliza no rio cheio de verdura
auscultando o concerto de Afrodite.

Sussurrando gemidos no escuro,
o gozo da loucura torna-o formoso
e o rio é perturbado no percurso
pelo esto arrebatado e fogoso.

Só a ara traz prazer e sedução
na bela Primavera da emoção.

05.09.2003


AUTO DA PRIMAVERA

Sandra Fayad


Do Verão, és alma gêmea - a irmã preferida,
Que lhe coça as costas e massageia o ego.
Se apagas as cinzas e regas de cores a vida,
Em tua presença, a cantar no banho me pego.

Do Inverno, és meio-irmã, mas deves-lhe gratidão:
Sem ele não serias tão prestigiada, tão rainha...
À sua sombra, tomas as rédeas da coloração,
Despertando paixões do amanhecer à tardinha.

Do outono, és prima querida, afinada e generosa:
Juntas alimentam almas e levam perfume à mesa.
Se a uma agradeço por ser de frutos a dadivosa,
À outra rendo homenagens por viver tanta beleza.

Corres o Planeta, carregando no bolso a esperança,
Para presentear os “inverneiros” de plantão.
Há os que te aplaudem desde os tempos de criança,
E os que nem sabem se um dia te aplaudirão.

Mesmo assim vais injetando tons e sabores
Nos poros saudáveis da Mãe-Terra adoentada.
Hás de mostrar aos homens como podem as flores
Provocar, em suas vidas, a grande virada.

Obs: Inspirado no SONETO À PRIMAVERA
de Efigênia Mallemont (Coutinho)
Bsb, 12/09/2007
sandra fayad

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